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Capela do Cristo Operário: um achado modernista na Cursino

O pessoal da Vila Brasílio Machado, região pertinho do Ipiranga, tinha um desejo: uma igreja dedicada a Santo Antônio. Mas, em 1950, quando o frei João Batista Pereira dos Santos chegou, o cenário mudou do vinho para a água. 

No lugar da igreja imponente que os trabalhadores e moradores esperavam, o frei reconsagrou o salão de um antigo armazém existente no lugar, onde já funcionava uma capela, em uma capela simples, dedicada ao Cristo Operário. Modesta e cheia de significado, ela refletia a essência da comunidade.

Mural por Alfredo Volpi localizado na Capela Cristo Operário, na Vila Brasílio Machado

O frei tinha uma visão diferente sobre o que era ser operário e, especialmente, como a Igreja via essa classe. Ele havia trabalhado como padre-operário na França e se conectou ao movimento Economia e Humanismo, idealizado pelo padre Lebret. Era uma busca por uma "terceira via", uma revolução tranquila.

"Lebret propõe a consolidação de comunidades de base capazes de se sustentarem mutuamente, conhecer as suas necessidades básicas e reivindicar a sua satisfação: junto às empresas (via participação nos lucros e, no limite, cogestão) e junto ao Estado, mediante a legislação do trabalho e mecanismos distributivos da renda nacional." - Alfredo Bosi

O projeto da capela, desenhado pelo próprio Frei João, segue o estilo das capelas coloniais, com linhas simples, típicas do campesinato. E, graças ao apoio de empresários como Ciccillo Matarazzo, a capela ganhou obras de grandes artistas modernistas, como Alfredo Volpi e Burle Marx. Outros nomes importantes também deixaram sua marca por lá: Geraldo de Barros, Yolanda Mohalyi, Giuliana Segre Giorgi, Elizabeth Nobiling, Moussia Pinto Alves, Roberto Tatin e Giandomenico de Marchis.

A capela, a casa do capelão e todas as obras foram tombadas em 2002 pelo Conpresp e em 2004 pelo Condephaat. Mas o restauro que tanto precisava só chegou em 2023, assinado pela Tapera Arquitetura.

Ah, e vale lembrar que, no mesmo terreno também funcionou de 1964 a 1967 a fábrica de móveis modernistas Unilabor, uma iniciativa de autogestão operária em parceria com o designer e artista plástico Geraldo de Barros. Atualmente o espaço é ocupado pela Escola Paulo Freire. A gente já falou sobre a Unilabor em outro post aqui!

Ainda não conhece a Capela do Cristo Operário? Tá na hora de fazer esse passeio! Uma oportunidade incrível para se conectar com a arte, a história e a comunidade.


PARA VISITAR

Missa aos domingos às 8H30
Rua São Daniel, 116