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A Curiosa História do Piso de Caquinho Paulista

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Você já entrou numa casa com chão repleto daquele piso vermelho todo fragmentado, salpicado por um pedaço amarelo aqui e um preto ali, parecendo um mural, e sentiu aquele ar de nostalgia, lembrando das tardes na casa da avó? 

Pois é, os famosos pisos de caquinhos de cerâmica têm esse poder! Mas, você sabe de onde veio essa preciosidade que ainda decora muitos lares paulistanos? Vem comigo nessa viagem ao passado!

História aos pedaços

Tudo começou lá pelas décadas de 1940 e 1950, um período de crescimento econômico e industrial em São Paulo e no Grande ABC. Essas regiões viraram pólos ceramistas, com indústrias como a Cerâmica São Caetano e a Cia. Cerâmica Vila Prudente se destacando na produção de lajotas vermelhas – aquelas mesmas que hoje conhecemos como caquinhos de cerâmica. Além das vermelhas, também existia a produção de peças pretas e amarelas, que eram mais caras devido ao pigmento e, por isso, menos utilizadas.

A Inovação na Simplicidade

O processo de produção rudimentar da época não era dos mais precisos, e muitas peças saíam trincadas ou quebradas. O destino desses "defeituosos"? Eram descartados e enterrados perto das fábricas. Foi aí que os operários tiveram uma sacada genial: usar esses cacos para revestir suas próprias casas. Esse movimento ficou conhecido como "catação".

E não é que ficou bonito? E como o belo é contagiante, a classe média paulistana logo abraçou a ideia, e os caquinhos começaram a decorar pátios, quintais e varandas por toda a cidade. A aplicação criava a ideia de sofisticação, onde o revestimento, além das questões técnicas, também assumia o papel de ornamento.

Foi então que a moda pegou de vez, e a demanda foi tanta que as indústrias começaram a quebrar as peças de propósito. Inicialmente, esses caquinhos custavam cerca de 30% do valor das peças inteiras, mas a popularidade fez os preços subirem.

A nossa história termina em meados dos anos 1960, quando os caquinhos entram em declínio com a popularização dos prédios de apartamentos e condomínios, para onde migra a classe média. No entanto, sua presença ainda pode ser encontrada em praticamente todos os bairros da cidade até hoje, graças às “casinhas de vó” dispostas a guardar com carinho esse pedaço da história.

Publicidade da Cerâmica São Caetano S.A., sem data.